O Instituto de Química da Unesp (IQ), campus de Araraquara, acaba de adquirir novos equipamentos para os seus laboratórios. Trata-se dos cromatógrafos líquido e gasoso, utilizados para análises químicas. A vantagem dos equipamentos é que são largamente utilizados nas indústrias, centros de pesquisa e laboratório de análises clínicas, tais como os laboratórios que analisam o doping nas competições esportivas.

Equipamentos deste tipo já existiam no IQ dentro dos laboratórios de pesquisa, sendo manipulados pelos alunos de Iniciação Científica e de Pós-Graduação. No entanto, para a realização das aulas práticas, os professores dependiam da disponibilidade do equipamento, além de ter que deslocar os alunos dos cursos de graduação até o laboratório de pesquisa.

Os cromatógrafos comprados, graças ao projeto Implementação do Ensino Experimental e Implantação, do Laboratório de Fundamentos Tecnológicos do Curso de Química da Unesp, que captou recursos junto ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - PADCT - do Ministério da Ciência e Tecnologia, tem uso prioritário nas aulas práticas de laboratório das turmas de bacharelado, bacharelado em Química Tecnológica e licenciatura.

"Com isso, além da melhoria das condições de ensino do curso, podemos permitir um contato efetivo com equipamentos de larga utilização industrial", explica a Profa. Dra. Márcia Nasser Lopes, coordenadora do Curso de Química do IQ.

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT) foi criado pelo Governo Brasileiro em 1984 como um instrumento complementar à política de fomento à ciência e tecnologia. Visa o aumento quantitativo do apoio financeiro à pesquisa e conta com recursos do Banco Mundial e com recursos de contrapartida nacional. O programa envolve a atuação das três principais agências de fomento à pesquisa CNPq, Capes e Finep (agente financeiro).

Este foi o terceiro projeto do Instituto de Química financiado pelo PADCT. Os equipamentos foram adquiridos no ano 2000, mas só depois que o prédio dos Laboratórios Didáticos foi concluído, as condições exigidas para operação plena dos equipamentos puderam ser supridas e no início deste ano os mesmos foram instalados.

O laboratório contará também com um Espectrofotômetro de Absorção Atômica, equipamento utilizado em Análises Químicas para a determinação de cerca de 70 elementos químicos em baixas quantidades (partes por milhão) nas mais diversas amostras de interesse da comunidade em geral. As providências para instalação do aparelho já estão adiantadas. Os equipamentos são novos e modernos e estão acoplados a um micro computador que permite enviar os resultados das análises pela rede de computadores do IQ. As primeiras aulas contando com os cromatógrafos já foram ministradas dentro da disciplina de Química Orgânica Experimental II (Bacharelado). Outras atividades didáticas com estes equipamentos também estão previstas.

O vice-diretor do IQ, Prof. Dr. Miguel Jafelicci Junior, acrescenta que a capacidade de análise e a modernização das condições de ensino que os novos equipamentos permitem serve como incentivo aos alunos estagiários do IQ. "Desta forma, podemos aprimorar a formação e as competências na prestação de serviços de análises para empresas nos demais projetos que já são realizados no IQ, como por exemplo as análises de solos realizadas pela Seção de Apoio Técnico, as análises de combustíveis realizadas pelo Centro de Monitoramento e Pesquisa da Qualidade do Combustíveis (Cempeqc), além de outros tipos de análises solicitadas nos projetos encaminhados à FACTE, Fundação de Apoio à Ciência, Tecnologia e Educação", comenta Jafelicci.

Como são feitas as análises por meio da cromatografia

A Cromatografia é um método de analise química muito eficiente. Basicamente consiste em fazer passar uma mistura de substâncias por um meio que tenha a capacidade de separar seus componentes para posterior quantificação. As técnicas cromatográficas mais utilizadas são Cromatografia Liquida de Alta Performance e Cromatografia Gasosa, cada qual com sua aplicação. Na CG, Gas Cromatography ou Cromatografia Gasosa, a amostra é vaporizada e passa por uma coluna com temperatura compatível para mantê-la nesse estado. Um gás sob pressão transportará a amostra pela coluna que irá reter por mais ou menos tempo seus componentes de acordo com a afinidade, permitindo a separação da mistura de componentes da amostra analisada.

Separados os vários componentes, eles são enviados a um detector sensível que os quantifica. Na HPLC - High Performance Liquid Cromatograpy (Cromatografia Liquida de Alta Performance) -, uma mistura da amostra passa por uma coluna, sendo conduzida por um solvente ou mistura de solventes sob alta pressão tornando o processo de separação mais rápido e eficiente comparado com a cromatografia gasosa convencional que utiliza pressões mais baixas. Os vários componentes da mistura são então separados e quantificados por um detetor sensível à cada componente. Com as duas técnicas, a CG e a HPLC, uma enorme quantidade de componentes pode ser analisada simultaneamente.

Especificações técnicas dos equipamentos

Cromatógrafo Liquido - o cromatógrafo liquido é dotado de dois módulos de bombeamento de solventes pro STAR modelo210 e detector de UV/VIS prostar modelo 320.Para um grande número de aplicações a configuração basta, mas o sistema pode ser expandido para instalar, por exemplo, um detector de índice de refração.

Cromatógrafo Gasoso - o cromatógrafo gasoso é um equipamento Varian modelo CP 3380 e está dotado de dois injetores sendo um deles modelo 1177 e o outro modelo 1041. Também é dotado de dois detectores: ionização de chama e condutividade térmica respectivamente. Com os dois detectores a maioria dos compostos orgânicos poderão ser analisados. O modelo permite também a instalação futura de outro injetor e outro detector que poderá ser qualquer um, dependendo da necessidade e da aplicação.