Educação para a não-violência

Por Adriana França, Vanessa Berto e Milena Mello

Preocupados com o quadro agravante da violência e criminalidade atuais que se configura diante de nossos jovens e adolescentes, alguns setores da sociedade civil e universidades têm se mobilizado na luta a fim de conter esse avanço.Analisando os espaços que podem e devem ser utilizados para o aprendizado da cidadania, da solidariedade e, conseqüentemente, da não-violência, temos as escolas e a gama de situações e possibilidades que ali se encontram.

A necessidade dos jovens se identificarem com os seus espaços de convivência exige da escola uma superação do seu papel. Quando a escola não dá conta dessa tarefa, fica exposta a todo tipo de situação, inclusive de violência. Por conta disso, a instituição escolar, há um bom tempo tem sido alvo de discussões nas mais variadas instâncias do social.

No entanto, a ação isolada não dá conta de enfrentar o problema, muito menos de desencorajar a violência e, nessa prática, ela se fortalece e se propaga ainda mais.

Esse tipo de atitude individualista tem causado sérios distúrbios de comportamento. A população mais atingida é a juventude, que tem perdido totalmente o interesse pelo futuro, desenvolvendo uma fragilidade muito grande da vida propriamente dita.

Nesse sentido, o Comitê de Prevenção à Violência de Marília - idealizado pelo Grupo de Pesquisa e Gestão Urbana de Trabalho Organizado (GUTO), que desenvolve o estudo "A Geografia do Crime Urbano de Marília-SP: diagnósticos para uma ação social comunitária" - atua em parceria com as Universidades, Polícias Civil e Militar, Poder Público Municipal e sociedade civil organizada e está dividido em Comissões de trabalho (Comissão de Educação e Cultura, Comissão de Saúde, Comissão de Bem-Estar Social, Comissão de Planejamento Urbano, Comissão de Comunidade e Comissão de Segurança), apresentou, como uma de suas principais finalidades, a tentativa de contenção da criminalidade através de ações preventivas e educacionais nas escolas da cidade.

Dentro desse Comitê, portanto, a Comissão de Educação e a Comissão do Bem-Estar Social elaboraram o Projeto "Oficinas de cidadania - educando para a não violência", cuja proposta de trabalho é atuar diretamente nas escolas do município de Marília/SP, visando ampliar a consciência das pessoas e desenvolver atitudes de não-violência, o que, em primeiro plano, aconteceu em uma das unidades da Casa do Pequeno Cidadão de Marília (outro projeto de políticas públicas bem sucedido na cidade).

A Comissão esteve, por um período de três meses, semanalmente, visitando adolescentes de 11 a 15 anos na tentativa de abordar temas e subtemas relevantes à realidade atual de jovens e crianças (tais como drogas, meio ambiente, direitos e deveres, violência doméstica, etc.), sempre relacionados aos objetivos principais do projeto, quais sejam, a prevenção da violência e a construção da cidadania. Através de palestras, dinâmicas e atividades lúdicas em geral - as quais inseriram trabalhos com desenhos, recortes de revistas, pintura etc -, debates com filmes e documentários, utilizaram também da música para discutir a respeito dos conteúdos, o que foi de grande valia para todos.

E é baseado nessa linha de pensamento que o projeto se propõe a dar continuidade ao trabalho iniciado na Unidade V da Casa do Pequeno Cidadão. Se durante a primeira fase a principal dificuldade enfrentada foi encontrar a abordagem mais sutil, a inserção menos invasiva, a linguagem mais adequada, a fim de adentrar na realidade específica da supracitada instituição, para a próxima etapa este obstáculo já foi superado. Muito contribuiu, neste sentido, a introdução do estudo da cultura Hip-Hop, cujos elementos nos permitiram uma maior proximidade (e a conseqüente conquista de uma certa familiaridade) com os alunos, além de oferecer um ótimo viés de discussão para os temas que havíamos nos proposto debater.

Dessa forma, para esta segunda jornada, alvitramos desenvolver mais especificamente o tema da violência, na tentativa de pensarmos, juntamente às crianças e aos jovens com os quais viermos a trabalhar, a respeito de ações que possam indicar o caminho para uma convivência mais pacífica, atitudes que, dentro do caráter coletivo sejam capazes de fazer frente a essa onda de violência e possam estabelecer novas condições de vida.

Mais uma vez, o GUTO, através do Comitê reitera o compromisso de pensar e agir de forma compartilhada com todas as instituições que estejam interessadas no enfrentamento do grave problema da violência. Acreditam na possibilidade da mudança, sempre. E, para tanto, contam com o papel transformador da educação, com a união organizada dos cidadãos e com a incrível capacidade humana de melhorar o mundo, quando deseja.

Adriana França, Vanessa Berto e Milena Mello são pesquisadoras do projeto "Educando para não violência", da FFC-Marília junto aos jovens e adolescentes da cidade

Correspondência: guto@marilia.unesp.br



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