Pesquisas
revelam que as pessoas com QI elevado têm também inteligência
emocional com alto potencial e boas chances de realização
pessoal e profissional. Sabe-se agora que o nível de inteligência
da humanidade tem aumentado muito. E, segundo os especialistas, existe
um arsenal de recursos para expandir a capacidade mental das pessoas
sobretudo a inteligência das crianças.
O
Poder da Inteligência
As
fotos que ilustram estas duas páginas são de sócios
de uma organização peculiar: a Mensa Brasil. Ela é
o braço brasileiro de um clube internacional (com site na internet
no endereço www.mensa.org), nascido na Inglaterra em 1942, que
reúne alguns dos donos dos mais altos quocientes de inteligência
(QIs) de todo o planeta. Conversar com essa gente é uma experiência
que comprova algumas das últimas descobertas feitas pelos cientistas
que pesquisam a inteligência e o comportamento humanos. Essas
pessoas tendem a ser mais curiosas, seus interesses abrangem um universo
maior e a relação delas com o mundo é mais rica.
Há os gênios ranzinzas e os sábios ermitãos,
mas tudo indica que estes são exceção à
regra. Pelo que a ciência vem reafirmando, o quociente de inteligência
medido pelos testes mais tradicionais (aqueles que detectam a capacidade
de raciocínio lingüístico, matemático e lógico)
indica também o potencial da pessoa para se relacionar com os
outros e para enfrentar os problemas do dia-a-dia.
Nessa perspectiva, o QI seria um fator importantíssimo para o
sucesso na busca da felicidade. "As pesquisas têm demonstrado
que as pessoas com menor quociente de inteligência tendem a ter
pior performance na escola, carreiras profissionais problemáticas,
laços familiares frágeis e, por tudo isso, a apresentar
mais freqüentemente quadros depressivos", diz a psicoterapeuta
americana Cathi Cohen, que trabalha com programas de treinamento de
crianças em Washington e há quinze anos pesquisa a relação
entre inteligência e felicidade.
O
roqueiro Roger Rocha Moreira, do grupo Ultraje a rigor, tem 44 anos
e QI 172 - altíssimo. O QI médio fica entre 90 e 110.
Ele está em uma das fotos que ilustram a abertura desta reportagem.
Roger se alfabetizou sozinho aos 3 anos de idade, pulou a 4a série
primária porque já sabia tudo que estava sendo ensinado
e chegou ao 2o ano do curso de arquitetura antes de decidir seguir carreira
musical. "Sempre consegui tudo que quis", ele diz. Há
outros exemplos de pessoas inteligentes, bem sucedidas e bem conhecidas
dos brasileiros nas páginas seguintes. Como se verá, quem
tem alto quociente de inteligência não precisa necessariamente
ter um diploma em física quântica. O QI de Jayne Mansfield,
símbolo sexual produzido para fazer frente a Marilyn Monroe,
era 163. O ator James Woods estudou no Instituto de Tecnologia de Massachusetts,
o renomado MIT. No teste para entrar na escola acertou as 800 questões
de conhecimentos gerais e 779 das 800 de matemática. Seu QI:
180. E a atriz Sharon Stone, que sempre é lembrada pela cruzada
sensacional de pernas que dá no filme Instinto Selvagem, entrou
na universidade aos 15 anos de idade e tem QI 154.
Não tão famoso, o médico e neurocirurgião
paulista Joel Augusto Ribeiro Teixeira, 32 anos, é o presidente
da Mensa Brasil. Sua mulher, Márcia Hartmann Teixeira, neurologista
e musicista nas horas vagas, também é sócia da
Mensa. Convivendo com computadores, filmes falados em inglês,
videogames e com os amigos dos pais, os dois filhos, Felipe, de 1 ano
e meio, e Marina, de 3 anos e meio, desenvolveram habilidades precoces.
Felipe canta várias músicas de cor e reconhece notas musicais.
Marina começou a falar aos 8 meses e aprendeu a ler sozinho aos
3 anos. E canta música em inglês sem nunca ter aprendido
a língua - apenas repetindo o som que escuta.
A família de Joel é um exemplo de outra conclusão
a que os pesquisadores da mente humana estão chegando: de que
o QI médio da população mundial tem se elevado.
E não pouca coisa. Na Inglaterra, o salto foi de 27 pontos desde
1942. Nos Estados Unidos, foram 12 pontos desde 1932. Na Holanda, em
dez anos se registrou um salto de 20 pontos, e, na Argentina, 22 pontos
a mais desde 1964. Em 25 países onde as medições
acontecem de forma regular, verificou-se um progresso notável
no nível intelectual da população, e os pesquisadores
acreditam que a descoberta pode ser generalizada para o planeta. "as
transformações são dramática", diz
Oliver Sacks, neurologista inglês, professor no Albert Einstein
College of Medicine, de Nova York. "Devem estar ocorrendo mudanças
e reorganizações fisiológicas e anatômicas
na microtextura do cérebro que ainda não podemos entender
plenamente." A inferência que se pode fazer é a seguinte:
com uma cabeça melhor, o quociente de felicidade da humanidade,
por assim dizer, também deve estar mais alto.
No Brasil a prática da medição do QI não
é muito difundida. Normalmente os testes são aplicados
em crianças que apresentam comportamento destoante na escola,
no clube ou em casa. São crianças que têm deficiências
de aprendizagem ou de relacionamento social. Portanto o Brasil não
contribui com informações para os trabalhos feitos por
neurologistas e psicólogos. A instituição que aplica
provas regulares e formais no país - e isso há apenas
um ano - é a Mensa Brasil.
Outro exemplo da evolução generacional da inteligência
é do da família de Carlos Leite, engenheiro. Leite tem
QI 164. É um expoente na faculdade, adora matemática,
toca guitarra, lê tudo que lhe cai nas mãos. Um de seus
sobrinhos, no entanto, conseguiu superar o índice já alto
do tio no teste de QI. Pedro Moreira Graça, de 15 anos, tem QI
168 e seu irmão, André, de 16 anos, chega aos 152. Quando
criança, André observava a irmã mais velha aprendendo
a ler. Aos 4 anos, numa pizzaria, leu o cardápio e escolheu o
sabor de sua preferência. A máxima de André: "Ser
inteligente não é saber muita coisa. É saber o
que é necessário". Pedro quer estudar filosofia e
psicologia. André prefere composição musical. Os
irmãos são diferentes em várias coisas. Em comum,
possuem uma inteligência excepcional, maior que a do tio-cabeça.
As explicações mais razoáveis para elevação
do nível médio de inteligência da população
têm a ver com alguns dos processos do mundo moderno. São
as seguintes:
- As
pessoas estão mais expostas a informações, estímulos
visuais e desafios .
- As
famílias são menores, o que permite aos pais dar mais
atenção aos filhos, responder a suas perguntas com maior
paciência.
- O
trabalho, de forma geral, exige maior esforço mental e faz com
que as pessoas aprimorem seus conhecimentos lendo ou viajando.
- Até
as atividades de lazer demandam maior conhecimento hoje que no passado.
- Computadores,
videogames e holografias formam cérebros acostumados a lidar
com várias dimensões e aumentam o poder de concentração.
- O
novo modelo de escola permite que as crianças mostrem e desenvolvam
seus interesses. Aulas monótonas estão cada vez mais em
baixa. Os alunos estão mais interessados em entender processos
que em decorar dados.
- A
globalização amplia a universo individual e familiar,
põe o indivíduo em contato com culturas, línguas
e costumes diferentes.
Há um efeito multiplicador na inteligência. Pessoas inteligentes
e competentes são estimuladas por ambientes mais ricos em informação,
mais livres para a criatividade. Vivendo nesses ambientes, elas provocam
mudanças, oferecem novos estímulos e ensejam o crescimento
daqueles com quem convivem. Assim, a média da inteligência
da população sobe. "O QI das pessoas é afetado
pelo ambiente e pelos genes e o ambiente em que vivem é determinado
pelo seu QI", diz Willian Dickens, pesquisador da Brookings Institution
, dos Estados Unidos, autor de um artigo sobre o tema na edição
de abril da Psychological Review, revista publicada pela Associação
Americana de Psicologia. Está aí algo a que se deve prestar
muita atenção. "É visível que as crianças
são mais inteligentes hoje que no passado . Elas são capazes
de dominar um universo muito grande de informações e instrumentos
e se adaptam com facilidade a situações novas", diz
Ricardo Costa Mesquita, diretor pedagógico da escola Oswald de
Andrade, em São Paulo.
"Nem
todos os educadores estão preparados para lidar com esse novo
público e por isso os pais devem ter um cuidado especial com
seus filhos no momento atual."
Hector Montenegro Terceros tem 9 anos de idade e mora em São
Paulo. O pai é engenheiro eletricista e a mãe, historiadora.
Quando estava na pré-escola, Hector aprendeu a ler e escrever
em apenas duas semanas. A professora, percebendo a precocidade do garoto,
aplicou-lhe uma avaliação de nível de raciocínio
e descobriu que ele era mais rápido que os colegas. Hector estudava
numa escola particular bem conceituada, mas com um método de
ensino que tende a ignorar as diferenças intelectuais entre os
alunos. Baseava-se fortemente na memorização. O menino
tirava notas altas, mas estava sempre infeliz. Não tinha muitos
amigos. Não podia aprofundar os assuntos para não alterar
o ritmo da classe. "Ele estava sempre deprimido", lembra o
pai, Carlos Juvenal Terceros Siles. Há dois anos os pais do menino
concluíram que, sem ajuda profissional, o filho se despedaçaria
emocionalmente.
100
pontos
Em
1932, nos
Estados Unidos, este é o
QI médio das crianças
|
|
112
pontos
Usando
a mesma
escala, o QI dos americanos,
hoje, é 12 pontos maior
|
Os
traços comuns da inteligência na infância
Dez
sinais que indicam atividade cerebral intensa e produtiva, segundo
o psicólogo e pedagogo americano Frederick Tuttle, autor
do best-seller Características e Identificação
sem tradução para o português
- Curiosidade
- Persistência
e empenho na satisfação de interesses
- Capacidade
de autocrítica e de criticar os outros
- Bom
humor
- Facilidade
de propor idéias diante de um estímulo novo
- Liderança
- Capacidade
de se indignar diante de injustiças
- Facilidade
de adaptação a desafios novos
- Imaginação
e fantasia sob controle
- Facilidade
de relacionar informações aparentemente diversas
e distantes
|
Levaram-no
para fazer uma avaliação psicológica que incluía
um teste de QI. Descobriram que Hector tinha inteligência acima
da média, 135. Mudaram o garoto de escola. Hoje ele estuda no
Colégio Objetivo, que tem um programa de incentivo aos supertalentos.
Faz cursos extracurriculares, entre eles um de tecnologia e outro de
literatura. "Antes me sentia muito abafado. Agora tenho colegas
da minha e de outras classes. Estou muito mais feliz", diz Hector.
O menino Raphael Ramos, de 4 anos de idade, deu um susto na mãe
quando, num fim de semana no sítio, foi brincar com um jogo de
conhecimentos gerais e, de setenta perguntas, errou apenas dez. No mês
passado, Raphael estava fazendo uma bateria de testes para avaliar sua
inteligência. O QI: 139. O psicólogo descobriu que o menino
tem capacidade de abstração, de compreensão de
conceitos, de manutenção e memória visual verbal
muito grande. Seu problema mais grave: como não quer que os coleguinhas
do jardim-de-infância achem que ele é diferente, finge
que não sabe ler nem escrever. "Raphael precisa ter atividades
de grupo, estar sempre entre crianças. Se seu relacionamento
social não for bem trabalhado, ele acabará se isolando".
Explica Daniel Fuentes, neuropsicólogo do Hospital das Clínicas
de São Paulo. A moral dessa história é a seguinte:
é preciso estar atento aos desafios que cercam até mesmo
os mais inteligentes.
Hoje é consensual a idéia de que o cérebro é
um órgão com enorme capacidade de adaptação
e expansão. Mais trabalho, ele desenvolve mais ligações
entre neurônios, as chamadas sinapses. Pessoas cujo cérebro
tem mais sinapses raciocinam mais rápido e resolvem problemas
de modo mais eficaz. Para desenvolver uma teia mais complexa não
basta o trabalho exaustivo sobre livros e computadores. Estão
recomendadas também conversas, passeios, viagens. Cultivar amizades
e promover brincadeiras são práticas importantes. Então,
mãos à obra. O trabalho que se exige para o desenvolvimento
da inteligência não é assim tão enfadonho.
Talentos
Famosos
|
QI
180 - James Woods - ator |
QI
163 - Jayne Mansfield - atriz
|
QI
154 - Sharon Stone - atriz |
Por
que as crianças ficam mais inteligentes a cada geração
Uma
pesquisa feita no início do ano pela Faculdade de Psicologia
da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, descobriu que a
média do QI das crianças, em uma dezena de países,
subiu mais de 20 pontos nos últimos cinqüenta anos.
As razões, segundo os pesquisadores, são as seguintes:
- As
famílias são menores, o que permite aos pais dar
mais atenção a cada um dos filhos;
- Os
empregos demandam mais atividade intelectual, o que obriga as
pessoas a se atualizarem permanentemente. Pais intelectualmente
ativos estimulam seus filhos a ser da mesma forma;
- Nos
momentos de lazer, até mesmo para manterem uma conversa
com amigos, as pessoas têm de estar atualizadas e bem
informadas. O ambiente induz a uma atividade intelectual mais
intensa;
- Os
equipamentos eletroeletrônicos e de comunicação
domésticos ajudam a formar crianças com habilidades
múltiplas. Mexendo no computador, mudando o canal da
televisão e ouvindo música, a criança exercita
a memória e treina a capacidade de manter a atenção
mesmo tempo;
|
Ensinando
a pensar Um método para estimular a inteligência
das crianças
Há
25 anos Myrna Shure, professora na Universidade de Ciências
da Saúde da Filadélfia, vem aplicando em grupos
experimentais, nos Estados Unidos, um método que desenvolveu
para que pais e professores ensinem as crianças a pensar.
Neste ano Myrna lançou um livro, Raising a Thinking Child,
que é uma espécie de manual para pais que queiram
estimular a inteligência de seus filhos e está
entre os mais vendidos no país. É um roteiro de
jogos de conversa. Pais e professores devem trabalhar algumas
palavras e expressões até que elas tenham significado
para a criança e seu raciocínio vá se tornando
mais complexo. Algumas das palavras-chave e sugestões
de perguntas para diálogos a serem explorados desde que
a criança começa a balbuciar são as seguintes:
- É/NÃO
É - "Você é um menino. O que você
não é ?"
- E/OU
- "Devo comprar laranjas ou maçãs? Ou devo
comprar laranjas e maçãs?
- "POR
QUE - "Por que você acha que é importante
usar cinto de segurança?"
- IGUAL/DIFERENTE
- "O que estas duas bolas têm de igual e o que têm
de diferente?" Você consegue fazer coisas diferentes,
como sentar e pular, ao mesmo tempo?"
- TRISTE/FELIZ
- "O que sente uma pessoa que está chorando? Como
você sabe?" "Como você está se
sentido agora?"
- AGORA/DEPOIS
- "À tarde a mamãe tem de trabalhar. Você
quer assistir à televisão agora ou prefere brincar
com a mamãe e deixar a TV para depois?"
- ALGUNS/TODOS
- "Neste jardim todas as flores são vermelhas ou
há algumas amarelas?"
- ANTES/DEPOIS
- "Eu mexo o leite com a colher antes ou depois de ter
posto o chocolate em pó?" "Você bateu
no menino antes ou depois dele ter lhe xingado?"
- BOA
HORA/MÁ HORA - "Como você acha que eu me sinto
quando estou conversando e você me interrompe? Esta é
uma boa hora para você falar comigo?"
|
Inteligência
é conhecer a si mesmo
Professor
da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, o neurologista português
Antônio Damásio divide com o inglês Oliver Sacks
o título de grande estudioso da mente humana, com uma vantagem
para o público leigo: os dois são capazes de traduzir
o que descobrem em linguagem coloquial. Damásio especializou-se
na consciência, a função mental que dá às
pessoas a sensação de serem únicas no mundo e,
portanto, permite o reconhecimento da existência do outro. Para
Damásio, a fronteira final do estudo da inteligência será
alcançada quando se desvendar a maneira pela qual a mente aprende
a aprender. Abaixo, a entrevista concedida a Denise Ramiro, de VEJA.
(O estudioso dos mecanismos da consciência fala sobre a evolução
da capacidade mental. ANTÔNIO DAMÁSIO - neurologista português
é dos maiores pesquisadores da mente humana)
Veja
- Considerando que o computador disponibiliza uma enorme riqueza de
imagens e informações, comparando as pessoas de hoje com
as de vinte anos atrás pode-se dizer que hoje há mais
inteligência?
Damásio
- O meio muito rico em que vivemos atualmente, com televisão,
cinema e computador, leva nosso cérebro a ter uma agilidade maior.
Mas isso não é tudo. Ao mesmo tempo que a tecnologia permite
que as pessoas tenham acesso a maior volume de informações,
pode inibir a capacidade de decisão e de imaginação.
É preciso, portanto, aprender a lidar com as novidades para que
elas sejam bem aproveitadas.
Veja
- Por que os testes de QI estão voltando?
Damásio
- O teste tradicional de medida do quociente de inteligência,
o QI, é expressão de uma capacidade geral de inteligência.
Ele é especialmente útil se considerar que a maior parte
das pessoas que sobressaem num tipo específico de inteligência
(emocional, artística ou motora, por exemplo) tem também
um QI elevado. Isso porque toda a atividade humana é resultado
de uma combinação de fatores intelectuais e emocionais.
Ou seja, a sensibilidade é muito importante, mas a capacidade
de raciocínio, que está ligada à inteligência,
também tem um enorme papel a desempenhar.
Veja
- Existe uma fórmula para garantir que os filhos sejam inteligentes
e bem-sucedidos?
Damásio
- Não há uma fórmula, mas existem algumas regrinhas
básicas. Garantir que a criança tenha boa saúde,
desde a gestação, é fundamental. Depois, é
importante oferecer um ambiente de carinho e que seja rico e estimulante,
do ponto de vista intelectual e emocional. Com isso, a criança
poderá desenvolver sua inteligência e terá mais
chances de ser feliz.
Veja
- Estão no cérebro as razões do sucesso ou insucesso
das pessoas?
Damásio
- As características físicas do cérebro ajudam
a determinar o destino das pessoas, sua possibilidade de ser feliz ou
infeliz. Mas não é só isso. O destino também
é resultado do meio social e cultural em que nos desenvolvemos.
A maneira como as pessoas enfrentam a vida e os resultados que obtêm
é conseqüência de uma combinação de
fatores biológicos, que vêm de nossa estrutura física
cerebral, e culturais, que têm a ver com a forma como cada um
de nós se desenvolveu na estrutura familiar, escolar e social
no sentido mais amplo. Sou totalmente contra as idéia de que
tudo aquilo que somos é determinado pela carga genética
que carregamos e pela nossa estrutura física.
Veja
- O que ocorre em nosso cérebro que nos faz tomar conhecimento
do que acontece no mundo?
Damásio
- São os mecanismos da consciência de que trato no meu
livro O Mistério da Consciência. Nosso cérebro elabora
uma construção não só das imagens do que
acontece no mundo, mas também da nossa própria imagem.
É através dessa imagem, que relaciona corpo e objeto,
que vamos construir o sentido da consciência, o sentido do próprio
e a capacidade que temos de conhecer aquilo que acontece à nossa
volta.
Veja
- As pessoas costumam achar que decidem e pensam melhor quando estão
de cabeça fria, livres de emoções. Esta é
uma impressão correta?
Damásio
- É uma impressão totalmente errada. As emoções
são extraordinariamente importantes no processo de decisão.
A emoção faz parte do mecanismo neurológico da
decisão.
|